domingo, junho 16, 2013

SOLUÇÕES QUANDO HÁ CRISE TAMBÉM NO MERCADO AMERICANO





Crise faz microcrédito se expandir nos EUA


San Francisco,  (EFE).- Sonia e o marido estão a ponto de conquistar o sonho de expandir seu negócio, uma pequena loja de ferragem no bairro em que vivem, graças aos microcréditos, embora o casal não viva em Ruanda nem em El Salvador, mas em Nova York.

Como milhões de pessoas em países em desenvolvimento, Sonia e o marido vão se beneficiar como estes empréstimos para pessoas sem acesso aos bancos comerciais, que tanto ajudou as economias mais desfavorecidas e que agora abre caminho nos países mais ricos.

A crise de crédito que afetou os EUA no último ano aumentou as dificuldades dos pequenos empresários para conseguir financiamento e encorajou as organizações especializadas em microcréditos a aplicarem modelos que já funcionam com sucesso em países em desenvolvimento.

Grameen America, uma divisão do Banco Gremeen do prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, chegou aos EUA há um ano e, por causa do sucesso, acaba de abrir uma nova delegação em Nebraska, para ajudar principalmente a comunidade imigrante da região.

A organização concedeu créditos no valor de US$ 1,5 milhão a pequenos empresários americanos e espera estar presente em todos os 50 estados do país em alguns anos.

Kiva, uma organização com sede em San Francisco, que há vários anos coordena microcréditos a pequenos empresários de países não desenvolvidos, começou a operar nos EUA neste mês.

"Alguns de nossos clientes que fazem empréstimos tinham comentado que queriam ajudar pessoas locais", disse a porta-voz da Kiva Fiona Ramsey, à Agência Efe. "Era o momento adequado, porque para os pequenos empresários americanos agora é muito mais difícil conseguir créditos".

Através de seu site, a Kiva possibilita empresários e qualquer pessoa a realizar uma contribuição de pelo menos US$ 25.

A organização explica em seu site os detalhes do projeto e o prazo de devolução do empréstimo.

Quem faz empréstimos recupera seu capital sem juros e pode optar por investir em outro projeto ou doar o dinheiro para a Kiva, que opera através do Opportunity Fund e da Accion USA, duas instituições especializadas em microcréditos.

A maioria dos 30 pequenos empresários registrado na página da Kiva é de origem hispânica - em torno de 85%, segundo Ramsey - e se trata de pessoas que, por circunstâncias pessoais, não podem pedir empréstimos em bancos convencionais.

María, de San Francisco, precisa de US$ 8 mil para abrir uma creche e já conseguiu 53% desta quantia. Carlos, do bairro Queens, em Nova York, necessita de US$ 5.750 para seu negócio e ainda faltam aproximadamente US$ 3 mil.

As pessoas que pedem empréstimos geralmente moram nos EUA, mas projetos como o da Kiva fazem com que, às vezes, o Sul ajude o Norte.

"Uma de nossas contribuintes é uma mulher do Quênia que queria ajudar algum pequeno empresário nos EUA", conta Ramsey. "Ela podia ter escolhido alguém de seu país, mas disse que a África tinha recebido tanta ajuda, que, para ela, era lógico devolver sua parte".

Apesar da crise de crédito nos EUA, estas organizações enfrentam o problema de que as potenciais pessoas a fazerem os empréstimos sintam que o dinheiro faz mais falta em países não desenvolvidos e doem seu dinheiro para esses países.

"Será interessante ver se alguém no sul de Los Angeles consegue crédito antes que um pequeno empresário do sul do Sudão", disse o presidente da Kiva, Premal Shah, com o início das operações da organização nos EUA.

Embora se esperem altas cotas de devolução dos empréstimos, algumas organizações temem que o sistema de microcréditos não funcione bem nos países mais industrializados.

O modelo se baseia nos fortes laços comunitários dos países, que servem de garantia para a devolução do dinheiro, mas sociedades como a americana são muito mais individualistas.


"Na América Latina e na Ásia esse sentimento de comunidade é passado geração para geração, mas aqui, o povo não conhece nem o vizinho", lamentava Shah Newaz, diretor do programa de Grameen América, no bairro de Queens, em Nova York.( EFE)

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