sábado, junho 29, 2013

Classes sociais em Portugal


Informaçao sobre classes sociais -mais um excelente trabalho da MARKTEST


No marketing, a estratificação social dos consumidores é, ac­tu­al­mente, uma ferramenta colocada ao mesmo nível-base de utili­zação que as variáveis sexoidade, ou regiões geográficas, entre ou­tras. No entanto distingue-se destas por inúmeras característi­cas, de onde salientaremos a existência (implícita ou explícita) de pressupostos teóricos e a sua dependência de períodos tempo­rais, logo, de actualizações periódicas.
As Classes Sociais MARKTEST, são um modelo de categorização social que procura, acima de tudo, reflectir a capacidade económica dos consumidores e não criar um modelo unânime e de utilização universal, tarefa esta que seria praticamente impossível de concretizar.
Durante 1992 uma equipa multidisciplinar da MARKTEST rea­lizou a primeira fase de uma aprofundada investigação sobre esta problemática. Esse trabalho deu origem a uma categorização, estatisticamente fun­damentada, que foi utilizada de 1993 a 1998. Esta categorização, tinha como indicador subjacente o rendi­mento mensal líquido do agregado familiar (RMLF) em que o indivíduo está inserido. No entanto, atendendo às limitações com que em estudos de mercado nos deparamos na obtenção do rendimento (principalmente abstenções), não é utilizado o RMLF, mas sim um conjunto de sete variáveis sem as referidas limitações e que, simultaneamente, têm a capacidade de reflectir a posição de um indivíduo perante aquela variável.
Variáveis utilizadas na determinação da Classe Social MARKTEST
Variáveis relativas ao Referencial do Lar
  • Situação na Ocupação
  • Ocupação
  • Instrução escolar
  • Sexo
  • Idade
Variáveis relativas ao Lar
  • Composição do Agregado Familiar
  • Regiões MARKTEST
Do modelo então criado, resultaram 5 grupos com a seguinte distribuição percentual:

Mas, o trabalho não ficou por aqui. Logo em 1992, estabeleceu-se realizar uma 2ª fase de actualização e aperfeiçoamento do modelo, partindo da experiência que viesse a ser obtida e de alguns pontos que já na altura se considerava necessário aprofundar. Entre eles destacavam-se os seguintes:
  • Os reformados:
    A classe D apresentava um elevado peso de reformados, tendo-se verificado que o sistema de classificação da Ocupação, então utilizado pela Marktest, poderia estar a contribuir para tal. O facto de então não ser considerada a profissão que precedia a reforma, não permitia a discriminação destes, nem a diferenciação de rendimentos provenientes da reforma.
  • Desconhecimento da probabilidade média de pertença a uma classe:
    As zonas de fronteira entre cada classe eram pouco definidas, fazendo com que a probabilidade de inclusão de indivíduos presentes nos extremos dos vários clusters, não fosse conhecida à priori. Esta situação deve-se ao facto do método classificar os indivíduos através de uma Análise Multivariada, e os resultados obtidos serem probabilísticos.
Variáveis Utilizadas
Durante o período que intermediou as duas fases da investigação tomaram-se então as seguintes medidas:
  1. Recolher a informação da profissão que antecedia a reformaForam criados 5 grupos de reformados, dependendo da sua última profissão na vida activa. Para a análise dos dados, os dois últimos foram agrupados, resultando por isso em 4 grupos. 
RGO 1 - Reformados de Quadros Médios e Superiores
RGO 1.1 - Quadros Superiores
RGO 1.2 - Quadros Médios
RGO 2 - Reformados de Técnicos Especializados e Pequenos Proprietários
RGO 2.1 - Técnicos Especializados
RGO 2.2 - Pequenos Proprietários
RGO 3 - Reformados de Empregados dos Serviços /Comércio/Administrativos
RGO 4 – Reformados de Trabalhadores Qualificados/Especializados
RGO 5 – Reformados de Trabalhadores não Qualificados/não Especializados
  1. Incorporar a Situação na Ocupação na classificação das Ocupações:Concluiu-se, também, que a Situação na Ocupação deveria ser incorporada nos Grupos Ocupacionais (GOs), de forma a que uma mesma Ocupação tivesse diferentes classificações, dependentes da Situação Profissional de cada caso.
  2. Aperfeiçoar o sistema de classificação por ocupações: Estudou-se as ocupações de forma detalhada. Para isso, foi-se conhecer o Índice Económico de cada Ocupação, de forma a procedermos a um reagrupamento, em que cada grupo apresentasse a menor heterogeneidade económica possível. Após a incorporação da Situação na Profissão ordenaram-se os 77 subgrupos resultantes e criou-se a classificação por Grupos Ocupacionais (GOs), que passou a ser utilizada nos estudos da Marktest. O facto da Marktest possuir agora bases de dados mais completas e detalhadas que em 1992, foi muito importante para este trabalho.


 Grupos Ocupacionais (síntese)
  • GO 1-Quadros Médios e Superiores
    • GO 1.1 - Quadros Superiores
    • GO 1.2 - Quadros Médios
    • GO2 - Técnicos Especializados e Pequenos Proprietários
      • GO 2.1 - Técnicos Especializados
      • GO 2.2 - Pequenos Proprietários
      • GO3 - Empregados dos Serviços / Comércio / Administrativos
      • GO4 - Trabalhadores Qualificados / Especializados
      • GO5 - Trabalhadores não Qualificados / não Especializados
      • GO6 – Reformados / Pensionistas / Desempregados / A viver de rendimentos
      • GO7 – Estudantes
      • GO8 – Domésticas 
  1. Variável Instrução mais detalhada: O número de escalões de grau de Instrução foi ampliado de forma a que cada escalão tivesse uma menor heterogeneidade de indivíduos.
Grupos de Instrução escolar
  • Não sabe ler nem escrever/Analfabeto
  • Primária incompleta / Sabe ler/escrever sem ter completado a primária
  • Primária Completa
  • Ciclo Preparatório (completo)
  • 9º Ano unificado ou antigo 5º ano dos liceus (completo)
  • 11º / 12º unificados ou antigo 7º ano dos liceus (completo)
  • Curso profissional / artístico
  • Curso médio / frequência universitária / bacharelato
  • Licenciatura em Enfermagem, Serviço Social, Educador(a) de Infância, Ensino Primário, Turismo, Secretariado, Contabilidade e Documentação
  • Restantes Licenciaturas
  • Mestrados/Pós Graduações
  • Doutoramento
Quantificação das Classes Sociais Marktest
Partindo da matriz de cruzamento das variáveis Grupos Ocupacionais e Instrução, agora preenchida com a população presente em cada célula, foram-se agrupando células por processo cumulativo, definindo o limite de cada grupo ao atingir dimensões próximas (tanto quanto possível) da respectiva Classe Social no sistema criado na fase de 1992.
Este processo de estudo e investigação que culminou com a quantificação das Classes Sociais Marktest apresentada em 1998, teve por base os Censos realizados em 1991 pelo INE.
Em 2003, tendo por base os Censos de 2001, as Classes Sociais MARKTEST foram redimensionadas para os valores obtidos nesta actualização.
O quadro seguinte, resume a quantificação das Classes Sociais Marktest ao longo das 3 fases atrás referidas:
 

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