Em 2012, foram creditados 174 negócios, num montante de 1,3 milhões de euros, responsáveis pela criação de 218 postos de trabalho.
HELDER OLINO
Quatro em cada dez negócios abertos através do microcrédito, em 2012, foram de empreendedores com menos de 30 anos, muitos dos quais recuperaram negócios abandonados pelos antigos patrões, segundo a Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC).
Dados ainda não definitivos da ANDC indicam que, em 2012, foram creditados 174 negócios, mais dez do que em 2011 e mais 24 do que em 2010. Além dos 174 projectos creditados, num montante de 1,3 milhões de euros, responsáveis pela criação de 218 postos de trabalho, encontram-se a aguardar crédito mais 42 processos.
“Em 2012, 40% dos projectos creditados foram de empreendedores com menos de 30 anos, o que é uma alteração muito grande no nosso universo”, disse esta segunda-feira à agência Lusa Edgar Costa, gestor operacional de microcrédito, acrescentando que “muitos deles estão a pegar em negócios que os patrões estão a fechar”.
Fazendo um balanço de 2012, Edgar Costa disse que se registou um “comportamento diferente” entre o primeiro e o segundo semestre. Até Junho, os projectos aprovados aumentaram 50%, em relação a igual período de 2011. "[O segundo semestre foi] relativamente mais fraco do que o habitual, o que interpretamos com algum receio face às expectativas e incertezas por causa da crise”, disse o gestor, explicando que as pessoas tiveram receio de arriscar em novos negócios. Contudo, a procura começou a retomar no final do ano e em Janeiro registou-se, novamente, “bastante procura”.
“Houve um impacto muito grande das medidas de austeridade adicionais e as pessoas pensaram que 2013 iria ser um ano muito difícil, como vai ser, mas, ainda assim, não vamos fechar as portas do país, vamos continuar a ter de fazer a nossa vida, comprar as nossas coisas e foi isso que as pessoas perceberam”, comentou.
Sobre os negócios mais procurados, Edgar Costa disse que “o alojamento e a restauração ainda se mantêm com alguma preponderância”. Deu como exemplo os restaurantes que estão a fechar: “É possível reabrir restaurantes com outro tipo de serviço e por menor preço”, disse.
A associação também está a registar muitos pedidos por parte de jovens com formação superior para negócios na área de consultoria e tecnologia e por parte de imigrantes. Etes últimos representam já 13% dos projectos. A taxa de sucesso é de 70%, mas há negócios que não chegam ao fim, uns por razões pessoais e outros porque as expectativas não saíram correctas.
A maior parte paga o seu crédito, mesmo que o negócio encerre. “Alguns créditos são relativamente pequenos e as pessoas fazem um grande esforço, mas acabam por pagar”. O valor do empréstimo pode ir até aos 15 mil euros, mas a média situa-se nos 7500 euros, sendo as mulheres quem mais recorre ao microcrédito.
O maior número de negócios encontra-se na região de Lisboa (38,6%), seguindo-se o Norte (24%), Centro (21%), Alentejo (10,4%) e Algarve (5,9%). Há também cada vez mais imigrantes a solicitarem um microcrédito, representando cerca de 13% dos projectos.
Os jovens entre os 25 e os 35 anos são os que mais arriscam num negócio (35,7%), seguindo-se o grupo 35/45 anos (28,1%), dos 45/55 anos (18%), com menos de 25 anos (12,1%), entre os 55 e os 65 anos (5,8%) e os maiores de 65 anos (0,3%).
A maioria dos empreendedores tem o ensino secundário (30,4%), 14,1%, o ensino superior, e 5,5% tem frequência universitária.